Você acredita em destino? Um destino fixo, determinístico, onde já está definido por “alguém” até onde a sua vida vai ir? Se você acredita o texto finaliza aqui, pois este texto é para os que desejam uma vida destemida, onde possuem a responsabilidade de tudo o que ocorre com ela. Evidente que existem acontecimentos passados, ou preocupações futuras, que determinam, exponencializam ou inibem algumas ações nossas no presente. A renda atual, nosso nível de educação, cor de pele, família que vivemos, decisões que tomamos, para citar alguns poucos, tudo isso direcionou a nossa vida para o ponto de hoje e tem grande chance de direcionar no curto prazo nossas decisões. Mas temos livre arbítrio, poder de decisão, para dar um passo mais ousado a partir de agora. Posso ter caminhado por uma estrada até hoje, mas posso decidir mudar de estrada e encarar tudo o que vier pela minha frente. Usando este poder de decisão enfrentaremos a cada momento as consequências dos caminhos que escolhemos. Imagine que você esta empregado, ganha o suficiente para viver bem e sobra um pouco, mas esta infeliz, por falta de reconhecimento ou por ver os meses passarem em uma trilha que não leva ao seu sonho de vida. Você tem família, contas mensais e rotineiras, algumas dívidas de longo prazo, como o financiamento do veículo e da casa. Estes fatos levam você a aceitar muita coisa no trabalho em troca do salário e de sua infelicidade. Você suporta. Mas um dia você dá um basta e decide largar o emprego. Pelo menos você sonhou com isso e se sentiu bem. Mas logo em seguida uma vozinha dentro de sua cabeça lhe ordenou uma lista de coisas para você pensar? O que vai acontecer com….? E como você vai fazer para…? e por ai vai! Você ouve a voz racional e sente a dor emocional se tivesse que enfrentar as consequências desta decisão. Então você racionaliza e relaxa. Talvez juntar mais dinheiro e quem sabe o ano que vem você sai. Você pode fazer isso agora, mas não faz. Você decidiu.
Estas decisões acontecem aos milhares ao longo de nosso dia. Tomar decisões destemidas neste sentido, onde a nossa vida futura está em jogo, é algo muito difícil. Mas temos controle sobre o que acontece com nossa vida? Controle sobre o que acontece, em grande parte não, mas como iremos enfrentar as consequências destes acontecimentos sim, temos controle. Você pode decidir fazer algo e outro algo pode lhe acontecer. Pode ser desagradável ou agradável. Mas o que resta a fazer é continuar na estrada que você decidiu caminhar. Que esqueça o erro / prejuízo, mas aprenda algo. Que não pense mais sobre isso, mas aprenda. Que reviva o ocorrido, mas aprenda. Que o aprendizado lhe fortaleça para dar mais um passo na direção do destino que você decidiu alcançar. Você é abordado em um assalto a mão armada. O que você faz? Entrega tudo? Reage pois o cara estava um pouco drogado e você é um bom lutador? Grita e pede socorro? Cada decisão destas levará para um desfecho diferente e que pode ter resultados fatais para a sua vida futura. Você não controla o assalto, mas sim as suas decisões. Você bate o carro ou atropela alguém? Presta ajuda ou foge? Esta decisão é sua e o evento não lhe forçou a nada. Você decidiu. Mas eu não queria atropelar alguém? Isso é bem provável que não, mas estas coisas estão na esfera dos acontecimentos que fazem parte da vida moderna. Podem acontecer com todos. Antigamente você poderia ser comido por um dinossauro ou atacado por uma tribo bárbara, mas hoje você pode ser assaltado, atropelar ou ser atropelado. Você pode fechar a venda dos seus sonhos ou perder a chance de fechar pois você se envolveu em um acontecimento ao se deslocar para o local da negociação e isso fez com que você perdesse o horário e a chance de ter o contrato. Isso pode acontecer e a sua decisão pode ser lamentar o ocorrido para sempre ou se preparar para a próxima negociação sair bem mais cedo, para que elimine de vez muitos prováveis atrasos. Você também pode colocar como meta reconquistar o cliente que perdeu e não descansar até ter uma segunda chance. As decisões a partir do evento definem quem você será no futuro.
Temos que separar os eventos aleatórios que acontecem conosco sem desmerecer o esforço de planejar uma vida. Em um plano de vida não vamos colocar eventos como ser assaltado ou atropelar alguém em um cenário, mas é certo que coisas muito estranhas e aleatórias acontecerão e teremos que tomar decisões diferentes. Ao final, temos que estar prontos para vencer o desafio e também vencer o aleatório, que poderá dificultar ou facilitar a sua meta, sua missão. E cada uma destas decisões levará você para um campo de oportunidades maior ou menor para o seu eu futuro. Ainda acredito que avança mais quem tem um plano e tenta “controla-lo” ao longo do tempo, enfrentando, desviando e reorientando a caminhada a cada imprevisto. Mas são muito poucas pessoas que fazem um plano de vida, formal, redigido, que possa ser recuperado ao longo dos tempos, revisto e reformulado se for necessário. Algo orientador e que não oscile conforme o humor, renda econômica ou temperatura. Fazer um plano de vida eficiente exige que você seja otimista para planejar a cada semana a melhor de sua vida. Não importa se nada deu certo na anterior, mas a próxima semana será a melhor de toda a minha vida. E assim, semana após semana, enfrento dinossauros, assaltos e atropelamentos, uma série de acontecimentos não previstos, desde atrasos, pneus furados ou perda do emprego ou de um cliente importante. Você decide o que fazer e vai lá e faz. Você não se deixar abalar mais do que 5 minutos. Assimila o golpe, respira e levanta os pulsos, pois o gongo vai bater para um novo round. Esperando retomar logo adiante a trilha que você desenhou mas foi obrigado a temporariamente abandonar, você se desafia a tentar mais uma vez. Você controla o seu espirito, sua vontade, sua coragem e avança. E assim parece que você tem mais controle sobre a inimaginável vida humana. E isso faz toda a diferença ao final.
Algumas dicas para você aumentar o seu poder de “controlar” o seu futuro, nesta viagem louca, incontrolável, mas destemida, para os que tem coragem de afirmar que sim, tenho um enorme poder e ele se chama livre-arbítrio.
– Tenha um plano de pelo menos um mês a frente: Não viva um dia após o outro pois isso faz com que você oscile muito, pelo simples fato de não oferecer nenhuma resistência aos eventos imprevistos que acontecem com nossa vida.
– Tome decisões corajosamente: Fácil de dizer e muito difícil de fazer, mas decisões corajosas tornam você mais raro, pois abrem portas que poucos abriram. Você pode ter cautela, desejar controlar o risco, mas assumir grandes projetos e desejar uma vida maravilhosa, exige decisões duras, que a maioria das pessoas teria medo de tomar. Isso poderá expor você a maiores riscos e fracassos, mas lhe dará lições que poucos terão acesso. Dependendo de como você colocar um significado para o evento, você aprenderá mais ou menos.
– Faça das dificuldades algo passageiro: Quando algo de ruim acontece com você, tome decisões que tirem você do “atoleiro” o mais breve possível. Discutir para sempre, para ver quem tem razão, não irá levar você para uma região mais próspera.
– Aceite mais: Aceite que tem muitas coisas na vida, talvez a maior parte dela, que você não controla. Mas, com a parte que você controla, seja corajoso e mude a parte que você não controla, abrindo o maior número de portas de oportunidades que encontrar.
– Tenha motivos para viver: Pessoas com motivos de longo prazo alcançam mais na vida pois resistem por mais tempo e reorientam o “seu barquinho” depois da tempestade. Para sair mais rápido de uma tempestade você tem que desejar isso. Caso contrário, você navegará sempre acompanhando as nuvens de chuva. E cada dia mais você achará que é um cara de azar.
– Compartilhe as suas intenções futuras: Não é só para comprometer o seu ímpeto em fazer que você deve tornar o seu objetivo público, mas também por que agora os demais players deste jogo, sabendo de suas intenções, poderão lhe ajudar a alcançar seu objetivo. Saber bem claro as suas intenções, será mais fácil decidir se em uma bifurcação você deverá tomar a trilha mais usada ou a trilha menos usada.
Enfim, esta reflexão toda foi possível por diversas pessoas que me ajudaram a compor este pensamento, respondendo a um questionamento que fiz no Facebook. Defendendo ou discordando da questão “você acha que é o único responsável por tudo o que ocorreu na sua vida até o momento, tanto de ruim como de bom?”, todos ajudaram a formar o meu pensamento. Desta forma, um agradecimento especial para: André Blos, Kzaverde Flores, Luciano Ferrari, Paulo Cordeiro, Luciana Santos, Carlos Eduardo Gomes Sérgio, Thais Cavalheiro, Luciano Rossi, Luana Scholles, Graziela Engers, Felipe Schmitt-Fleischer, Luciano Luis Lima, Amanda Campos, Ary Filgueiras, Paulo Eduardo Machado, Cléa Martins, Elisandra Letícia, Ana Cláudia Tedesco Zanchi, Leandro Correa, Paulo Kieling, Jaime Giacomini e Jean Claude Lacombe.
Obrigado pessoal. Espero que vocês tomem a trilha certa, de forma destemida, quando tiverem que escolher.
Oscar Wilde nos ensina: “Há momentos em que é preciso escolher entre viver a própria vida de maneira plena, inteira, completa, ou prolongar a existência degradante, vazia e falsa que o mundo, em sua hipocrisia, nos impõe.”